Já pensou você acordando um dia, em um universo paralelo, onde o Brasil é totalmente digital e opera nos padrões das melhores startups do mundo, como SpaceX, OpenIA, Amazon, Twitter e Apple?
Como seria sua vida? Quais seriam as potenciais inovações? Como seriam os serviços públicos e a governança?
Essa é uma viagem que merece ser explorada mais a fundo.
Você acorda, e a primeira coisa que faz é pegar seu celular ou seu óculos de realidade aumentada para checar mensagens, notícias e emails, como de costume.
Aproveita também para checar a sua carteira digital, uma solução opensource unificada com dashboards financeiros, seus investimentos, extratos e uma lista de contas a pagar e a receber que estão para vencer.
A lista de contas inclui, além de boletos pessoais, a taxa de serviço público que você paga anualmente como imposto. O aplicativo calcula automaticamente o valor devido, baseado em suas receitas e ativos, e você, com um clique do botão consegue realizar o pagamento. Claro, com criptomoedas descentralizadas. E este é o único momento em que você paga impostos, de forma transparente e fácil, como qualquer outro serviço que você contrata.
No aplicativo você tem acesso a detalhes de como e onde seu dinheiro será e tem sido alocado, afinal, tudo acontece na Blockchain. Mas você não tem tempo para analisar cada registro e informação. Por isso, delega para uma das diversas inteligências artificiais especialistas em monitorar transações financeiras, em avaliar alocações, e até identificar potenciais corrupções, que lhe gera regularmente insights e alertas.
Ainda na sua carteira digital, você tem acesso a todos os seus documentos, como ID digital, passaporte digital, e registro de posse dos seus bens, todos em forma de NFTs onchain sob sua custódia.
Sua identidade digital pode ser usada para se cadastrar e logar em qualquer aplicação online, onde você controla quais informações ela terá acesso, similar ao um login de Facebook. Digitar nome, CPF, RG, e endereço em cada site é uma realidade de um passado muito distante.
Você também checa seu aplicativo de monitoramento de saúde. Regularmente você adiciona informações fisiológicas e até gotas de sangue para acompanhar seus índices vitais e já sugerir exames ou atividades preventivas. Sua inteligência artificial médica pessoal analisa regularmente os dados e gera insights e potenciais alertas. Com um clique de botão você pode agendar uma conversa online com um médico, que já terá acesso a todo o seu histórico.
Seu filho tem acesso a aulas online com tutores IA, games, dinâmicas e comunidades internacionais de variadas idades e backgrounds culturais. O ensino é dedicado a resolução de problemas, pensamento crítico, fundamentos morais, éticos e filosóficos, além de tecnologia, e disciplinas científicas.
São diversas instituições com as mais variadas metodologias educacionais disponíveis em uma espécie de marketplace verificado e rankeado coletivamente pelos pais e clientes. Algumas metodologias são baseadas em arte, outras em tecnologia, outras em contato com a natureza, outras em desenvolvimento de projetos tecnológicos e científicos, e centenas de outras alternativas, para os mais diversos perfis de estudantes.
Há também milhares de aplicativos educacionais com os quais as crianças podem complementar seus estudos e satisfazer sua curiosidade, como segundo idioma, história e desenvolvimento de hardwares.
As aulas presenciais também são oferecidas por uma rede de instituições, inclusive algumas em formato residencial, estilo Airbnb, onde os pais optam pelo modelo que mais lhe agradam. A maioria não é focada em transmissão de conhecimento de professor a aluno, pois as crianças já fazem o processo online, mas sim em práticas que justifiquem a presença, como experimentos de química, biologia, culinária, construções, esportes e artes.
Você, como pai, consegue acompanhar o progresso de seu filho, analisando os insights gerados pela sua IA assistente, que lista os pontos fortes, as deficiências e também sugestões estratégicas de como evoluir no desenvolvimento da criança.
O transporte é provido por inúmeras modais oferecidas por iniciativas públicas e privadas, desde carros autônomos sob demanda, transporte coletivos variados, postos de bicicletas e patinetes, e uma grande área amigável a pedestres. Todo o transporte é digital, gerando informação de trânsito em tempo real, e todos os veículos autônomos estão conectados entre si, o que reduz drasticamente a chance de acidentes ou congestionamentos.
A governança do país é altamente descentralizada nas cidades e estados, os quais são jurisdições semi-autônomas e possuem suas próprias leis e regulações. A propriedade digital da cidade é tokenizada e cada cidadão é dono de uma parte do ativo, como ações de uma empresa, que é utilizado para decisões coletivas e também captura a valorização do ativo e potenciais compartilhamentos de receitas da cidade, geralmente direcionadas a cidadãos de baixa renda.
As notícias são criadas por empresas e indivíduos independentes sobre protocolos descentralizados, os quais não podem ser censurados. Cada aplicativo que opera sobre esse protocolo, oferece sua própria solução de fact-checking, alguns usando estratégia de comunidades para adicionar contexto às notícias, outros usando inteligência artificial, ou uma combinação de inovações.
Toda a stack de tecnologia do governo digital é open source, open data, e descentralizada sobre blockchains públicas, ou seja, os cidadãos tem total controle sobre quem tem acesso as suas informações pessoais e qual o compartamento de cada aplicação.
Diversos drones circulam pela cidade monitorando potenciais crimes, violência ou acidentes, e também filmando situações suspeitas. Como a tecnologia é opensource e registra informações onchain, respeitando privacidade dos indivíduos, é possível realizar auditorias e extrair insights.
No aplicativo do governo digital você também pode solicitar socorro emergencial. Automaticamente, seu celular compartilha o seu posicionamento com a empresa de segurança e permite que você transmita vídeos do que está acontecendo em tempo real, enquanto drones e a equipe se desloca para o local. Se for um acidente, um médico permanece em vídeo compartilhando instruções de primeiros socorros.
Essa é infelizmente uma realidade paralela que soa irrealista e distante para o Brasil.
Mas por quê?
Não temos tecnologias tão ou mais poderosas que essas no mundo privado tornando nossas vidas radicalmente melhores?
ChatGPT, Waze, Zoom, Bitcoin, Wikipedia, Youtube, SpaceX, Tesla, etc.
Por que não podemos levá-las para o meio público? Por que ainda precisamos aceitar uma educação obsoleta, uma infraestrutura decadente, sem saneamento básico para 50% da população, serviços arcaicos como Detran, Cartórios, Hospitais, Universidades, Transporte Público, etc.
A realidade é que este universo paralelo descrito não é uma imaginação. Cada uma dessas ideias já vem sendo implementada separadamente em diferentes cidades e países, desde Índia, Taiwan, Palau, Estônia, Dubai, Honduras, ou simplesmente emergindo globalmente.
Então, a pergunta correta não é se isto é possível no Brasil.
A pergunta correta é Por que não estamos caminhando nessa direção.
Temos recursos financeiros trilionários, temos talentos, e recursos naturais. O que nos falta?
Nos falta uma nova estrutura política nativa digital com intensão e competência de desenvolver essa realidade. E é por isso que as startup societies existem.
Porque a única solução para reformar o Brasil é o Exit.