Nossa sociedade funciona a partir da legitimação de instituições.
E hoje as principais são o Estado, a Imprensa e a Universidade.
Embora possamos discordar de pontos específicos dessas Instituições, a maioria da sociedade sempre acatou à sua autoridade definitiva.
Ninguém intervia durante a prisão de uma pessoa aleatória na rua. Ninguém deixava de pagar impostos (sem ter a plena consciência de estar cometendo um crime). Ninguém questionava a legitimidade da Mídia em reportar os fatos. Ninguém duvidava das informações produzidas por cientistas em Universidades.
Mas, se você prestar atenção a sua volta, isso vem gradativamente mudando nas últimas décadas.
Quando a realidade e os fatos começam a divergir do que as instituições produzem e reportam, com uma desconfortável regularidade, a credibilidade lentamente começa a deteriorar, a legitimidade se perde, e a instabilidade social aumenta.
Soa familiar?
Se novas instituições, mais eficazes e confiáveis, surgem, a sociedade tende a prosperar, apesar do caos da transição.
Mas, se novas instituições não são criadas a tempo para assumir a posição das estruturas em decadência, a sociedade colapsa.
O que estamos presenciando nas últimas décadas é a incompatibilidade das instituições analógicas com a atual realidade digital.
Conectividade global; informações e conteúdos que se espalham em tempo real; comunidades que se auto organizam, arrecadam milhões e crescem exponencialmente num curto espaço de tempo; indivíduos que têm acesso a inovações poderosas como IAs e edição genética, etc.
As agências reguladoras estatais estão preparadas para monitorar corporações como Bancos, Google e a Moderna, e não para reagir contra milhares de novas criptomoedas, ou milhares de cientistas testando engenharia genética em suas garagens.
São DNAs organizacionais completamente diferentes e incompatíveis.
E essa tensão entre realidade digital e instituições analógicas apenas continuará aumentando até as novas estruturas terem amadurecido e ocupado seu espaço no mainstream.
As criptomoedas e ativos onchain substituirão as moedas estatais e o sistema financeiro legado.
As mídias descentralizadas substituirão a mídia mainstream.
Educação digital e a pesquisa descentralizada substituirão a universidade e a ciência institucionalizada.
E as startup societies de governança digital e descentralizada substituirão os modelos de governos atuais, com novas formas de distribuição social de renda e de regulação do mercado.
Obviamente essa evolução não acontecerá no mesmo ritmo em todo o planeta.
Alguns migrarão já nesta década, enquanto outras ficarão presas no século passado por muitos e muitos ainda, sob regimes totalitários.
Mas definitivamente esta é a tendência para as próximas décadas.