Article in English: The Media Decline and The Rise of Networks
A falência dos veículos de mídia e do jornalismo corporativo é evidente e se acelera em passos largos.
A dúvida que fica é: o que irá preencher este vácuo?
Para mim, serão as Redes.
A primeira fase, Inclusão, está em progresso. Saímos de um ambiente pré-internet de mídias centralizadas em oligopólios, para a era das mídias sociais, onde qualquer pessoa pode exercer o papel de um jornalista civil, fazendo denúncias, realizando protestos e desafiando narrativas e estruturas de poder.
A segunda fase é Coordenação.
Precisamos de mais tecnologias de fact-checking, de moderação, de adição de contextos e ambientes que otimizem nuances e reduzam os ruídos das plataformas baseadas em feeds algorítmicos que favorecem conteúdos inflamados.
Também precisamos desenvolver melhores modelos de negócios para conteúdo de qualidade, que fujam dos maus incentivos dos modelos baseados em clicks e ads.
É importante, porém, conciliarmos duas realidades: apesar das atuais deficiências, social media foi um avanço de múltiplas ordens de magnitude se comparado às mídias corporativas.
Claro, os veículos tradicionais irão tentar lhe convencer de que as plataformas digitais foram um passo na direção errada, afinal, isso é o que qualquer corporação faria se visse seu monopólio ameaçado por startups. Irão lutar para proteger sua hegemonia.
Mas a realidade é que social media representou um avanço crucial para a inclusão social e econômica. Vozes de grupos marginalizados que antes não tinham plataformas para se fazerem ouvir, hoje conseguem publicar vídeos de denúncia, por exemplo contra violação de direitos humanos, e alcancarem milhões de pessoas. Ou ainda, conseguem superar as condições econômicas precárias da região onde nasceram, através de trabalhos remotos ou empreendedorismo digital.
Por isso, é importante reconhecermos os problemas das plataformas digitais para continuarmos evoluindo, porém sem cairmos nas sedutoras medidas de curto prazo das instituições legadas. Estas ações ações inconstitucionais de ministros do STF que estamos presenciando, disfarçadas de medidas de segurança, são subterfúgios para os sistemas legados manterem e ampliarem seu poder.
No entanto, esta assimetria de poder, onde UM homem tem a capacidade de criar uma lei da noite para o dia capaz de proibir +200M de cidadãos de acessarem a principal ferramenta social do mundo, é o verdadeiro risco a nossa democracia.