Quando você compra uma casa/carro/etc. você assina um pedaço de papel e isso lhe garante a propriedade sobre aquele bem, automaticamente revogando a propriedade do antigo dono.
Se for algo de alto valor agregado, como um imóvel, a propriedade é garantida através de um contrato e registrado em um cartório.
Se for um bem mais simples, apenas um recibo assinado ou nota fiscal já lhe garante a propriedade.
E essa não é uma simples burocracia. É uma das mais importantes tecnologias sociais já inventadas. Garantir a propriedade sobre os bens dos cidadãos é uma das mais poderosas armas contra pobreza e injustiças.
Quando uma família consegue comprar um terreno e construir um pequena casa, ela está na realidade acumulanto um patrimônio, mesmo que pequeno, que será passado para as próximas gerações, quebrando lentamente o ciclo da pobreza.
Além disso é uma arma contra tirania e violações dos direitos humanos, pois a propriedade privada (embora muito falha fora de democracias liberais) ajuda minorias a se defenderem de opressões.
E no mundo físico, essa solução é provida pelos governos e pela lei. São eles que garantem os direitos de propriedade (embora com baixíssima eficácia).
No entanto, antes do Bitcoin, não havia nenhuma tecnologia para manter um registro de propriedade de arquivos digitais. Não havia um lugar para registrar que você era o dono de um dado digital específico.
Depois de criar um texto, vídeo, imagem e publicá-lo, não havia maneira confiável de provar que esses dados eram seus.
Mas agora, com a Web3, você pode.
Web3 é uma nova classe de aplicativos que são construídos sobre um “cartório” público na Internet, mas que ao invés de apenas registrar propriedades físicas, registra também arquivos digitais.
Por exemplo, qualquer pessoa no mundo pode ver os registros públicos no Ethereum Blockchain, e verificar quem (pseudônimo) é dono de algum ativo digital aleatório.
Mas, afinal, por que a propriedade digital é importante?
Bom, pela mesma razão que os direitos de propriedade de bens físicos.
É um dos Direitos Humanos. E isso independe completamente de este bem ter ou não utilidade.
Se você comprar um relógio de papelão, ele é seu e pronto. O documento assinado comprova isso. Não importa se o relógio tem utilidade ou não.
Então, por que isso seria diferente no mundo digital?
Se você criar um texto, você tem o direito de registrá-lo como seu. Se ele terá algum valor no mercado, é uma conversa completamente diferente.
Blockchains - "cartórios" globais, públicos e digitais - têm exatamente (mas não só) essa função. Você assina digitalmente um arquivo digital e um registro é criado atribuindo a você a propriedade do arquivo, naquela data e hora específica.
Se outra pessoa copiar seu arquivo digital (clicar com o botão direito do mouse e salvar) e também os colocar na Blockchain, você poderá provar facilmente que o ativo realmente é seu, porque você o registrou em uma data e hora anterior.
Ok, mas isso não justifica o valor desses ativos digitais, certo?
Por que diabos alguém em sã consciência compraria um JPEG de macaco, um livro ou um vídeo que pode ser visto, lido ou assistido de graça?
Aqui está o ponto principal.
Porque, na maioria dos casos, o valor não é está vinculado ao CONTEÚDO.
O valor está vinculado a sua possível UTILIDADE, o que antes era impossível.
Imagine que uma artista desconhecida no passado lançou um vídeo no youtube e também o publicou como um NFT (o que significa que ela assinou o vídeo e o colocou na Blockchain, tornando-se assim, proprietária do arquivo). Dias depois, o vídeo foi vendido por R$ 100 para outra pessoa (que se tornou a nova proprietária do vídeo NFT).
Acontece que esta artista era Beyonce e este vídeo foi o primeiro publicado online por ela quando ainda era desconhecida e tinha apenas alguns fãs.
E, após todos esses anos, com fama e milhões de fãs, ela decide anunciar um show intimista APENAS PARA OS DONOS DE SEUS 200 PRIMEIROS VÍDEOS NFT.
Somente quem comprovar a propriedade de um dos vídeos poderá entrar na casa, assistir ao show e tirar fotos pessoalmente com ela.
Quanto você acha que esses NFTs valeria? Quanto você pagaria por eles? Talvez você não pagasse tanto - se você não é fã de Beyoncé - mas outros estariam dispostos a pagar provavelmente milhões.
Nossa, milhões por um vídeo que todo mundo pode assistir de graça?
Não!!
Milhões pela prova de propriedade desses arquivos digitais que agora têm uma utilidade valiosíssima.
Artes raras e lendárias podem se encaixar na categoria de valor de conteúdo, mesmo sem qualquer utilidade, mas não acontecerão em 99% dos casos.
Embora os eventos acessados exclusivamente via token sejam um ótimo exemplo, os NFTs (e outros criptoativos) obviamente não se limitam a apenas esse caso.
Pense em certificações de cursos (NFTs intransferíveis), acessos à plataforma digital (nft de admin), arte digital e royalties compartilhados automatizados (o criador ganha automaticamente X% de cada venda futura), nomes de domínio (pedoispe.eth) e milhões de outras ideias que não consigo sequer imaginar agora.
Essa é a economia da propriedade digital.
Essa é a revolução na economia criadora.
Isso é NFT.
Isso é Web3.
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Salve este artigo e envie para todos que dizem que NFT é apenas um JPEG.