O catalisador do progresso social
E a principal diferença entre a economia convencional e a digital
O mundo físico tem uma barreira natural de transformação.
Concreto, papéis, estruturas sólidas não são facilmente (re)construídos.
Pense na longa curva para levar saneamento básico ao brasileiro. Dezenas de trilhões em orçamento público arrecadado nas últimas décadas e ainda metade da população convive com esgoto a céu aberto.
E mesmo cidades ou países desenvolvidos que conseguiram atingir um bom nível de infraestrutura caem na dificuldade de manterem-se atualizados com soluções mais modernas e eficientes.
Uma vez que uma cidade estabelece sua arquitetura, ela permanece a mesma por décadas ou séculos.
O progresso físico é lento, caro e complexo.
E em uma realidade onde o mundo físico ao seu redor ditava - ou pelo menos influenciava fortemente - suas possibilidades de evolução econômica, fica fácil entender por que, em países que não levam a infraestrutura a sério, há um ciclo vicioso de pobreza crônica.
Se sua região não tinha saneamento, rua asfaltada, segurança, casas bem projetadas, escolas bem estruturadas; consequentemente poucas empresas e indivíduos influentes se interessavam em se estabelecer no local, atraindo pouco investimento, assim reforçando um ciclo vicioso de miséria e pobreza praticamente impossível de quebrar.
Se você nascesse em uma região de baixa infraestrutura física, você estaria condenado à pobreza.
Mas no início do século 21 algo mudou.
A fonte de crescimento da economia global começou a migrar dos átomos para os bytes.
Do concreto, petróleo, agricultura para, também, Informação.
Uma indústria que hoje representa cerca de 22% de toda a economia global, valendo +U$15 trilhões.
E pela primeira vez na história, a população de regiões periféricas em estruturas físicas precárias podem escapar do determinismo econômico.
Pela primeira vez, há uma porta de saída, uma rota de fuga, uma oportunidade de prosperar.
A economia digital tem uma barreira de entrada infinitamente menor que a economia física.
Basta um celular e conexão com a Internet para acessar de forma irrestrita esta economia gigante.
Não precisa-se, necessariamente, da escola precária para aprender. Não é mais necessário alugar um imóvel e comprar estoque para iniciar seu negócio. Não estamos limitado apenas a ir à delegacia ou à rádio local para denunciar injustiças.
E, embora o ambiente físico ainda desempenhe um papel importante nas chances de evolução econômica da população, agora há alternativas.
Tudo está ali, na palma da mão.
E a revolução não é apenas a nível individual. É, também, uma evolução para as estruturas da sociedade.
Quando a infraestrutura da sociedade migra de um ambiente analógico para um digital, isso quer dizer também que conseguimos evoluir mais rapidamente, pois as reformas no mundo dos bytes são menos caras e complexas.
Pense na logística de votação das eleições. Urnas, sessão eleitoral, organização das pessoas, etc.
Ou ainda a logística de armazenamento e distribuição de documentos oficiais a nível nacional, como registros de imóveis.
Qualquer mudança nesses processos seria algo praticamente inviável.
Não é algo possível de se fazer da noite para o dia.
Porém, na Internet, essa coordenação em escala se dá muito mais rápido. Os ciclos de melhoria não são de décadas ou séculos, são de anos, e até meses.
Basta vermos a velocidade que pautas políticas atuais são tratadas nas redes sociais, com uma capacidade de auto organização incrível.
Se uma plataforma de petição não funciona, parte-se para outra. Se o Facebook não atender às necessidades, vamos para o Twitter ou cria-se algo novo. Se o Gmail como plataforma de armazenamento e distribuição de documentos mostra-se ineficiente, facilmente migramos para outra solução.
Uma economia digital não é apenas um conteúdo diferente.
É uma estrutura totalmente nova que viabiliza uma forma extremamente mais ágil e flexível de pensarmos nossas instituições e modelos de negócios.
É um paradigma que representa uma ponte das estruturas arcaicas com pessoas condenadas à pobreza para ambientes digitais de oportunidades econômicas inimagináveis.
Estamos falando aqui em melhorias de 100x. Talvez, em alguns cenários, 1000x.
Ou seja, atingir avanços que levariam +100 anos no paradigma físico, em apenas 1, na economia digital.
Já vimos isso na comunicação digital. Criamos mais conteúdo nos últimos 5 anos que em toda a história da humanidade combinado.
Enquanto não fizermos este shift mental e entendermos o que a economia digital realmente representa, não daremos a verdadeira atenção para ela.
Inclusão digital deve ser a prioridade número 1 do século 21.
Criar soluções nativas digitais para gestão pública, para educação pública, para o sistema monetário, etc.
Pois, quem depende do sistema obsoleto antigo não pode mais esperar.