Homeschooling - por que você deveria apoiá-lo?
E por que a educação convencional não faz sentido no século 21
Ao longo dos últimos anos, provavelmente você ouviu uma ou mais afirmações similares a essas, de ~especialistas~:
"Home office não funciona. O pessoal não tem disciplina para trabalhar de casa. O time precisa se reunir presencialmente para discutir projetos”.
“Esse negócio de paquerar pela Internet não funciona. Você precisa sentir a energia do outro. Olhar no olho. Além de ser mais seguro”
“Alugar meu quarto para um estranho se hospedar? As pessoas não vão confiar. Esse negócio não tem futuro.”
“Uma enciclopédia aberta cujos artigos são criados e editados por qualquer pessoa voluntária no mundo? Impossível. Enciclopédias precisam ser criadas por PhDs”.
“Proíba seu filho de jogar videogame. Estimula a violência.”
“Criptomoeda só serve para lavar dinheiro e comprar armas e drogas. Melhor não se envolver”.
Eu, pelo menos, ouvi frases similares mais de uma vez cada uma, sempre de ‘especialistas’ na área.
No entanto, a realidade evoluiu para algo bem diferente do que o senso comum previa:
Vivemos numa economia baseada largamente em home office;
A maioria das pessoas encontram pela primeira vez seus parceiros na Internet;
Aibnb é uma empresa global consolidada;
A Wikipedia é um dos 5 sites mais visitados do planeta. Enciclopédias faliram;
Milhares de jovens transformaram sua paixão em jogos online em carreira profissional, seja disputando campeonatos ou fazendo transmissão nos seus canais de Youtube;
Criptomoedas é um mercado de U$2 trilhões que movimenta bilhões diariamente, inclusive de grandes instituições financeiras.
Embora estejamos em um ambiente de muita incerteza e grandes mudanças, uma coisa eu posso te afirmar com toda a certeza:
Todas as atividades que executamos no nosso dia a dia migrarão total ou parcialmente para a Internet.
Duvidar disso 10 ou 15 anos atrás até poderia ser aceitável. Mas hoje chega a ser cômico ignorar tal fato.
Pense comigo: quantas horas do seu dia você passa olhando para uma tela? Quais atividades da sua rotina não incluem Internet?
Eu particularmente não consigo pensar em nenhuma. Até mesmo ir ao supermercado depende de Internet para funcionar meu cartão de crédito. Meu treino na academia exige check-in via aplicativo. Meu trabalho é 100% remoto. Eu converso mais com minha namorada, pai e mãe, por chat, durante a semana, que pessoalmente.
Tudo está na Internet
Se tudo está online, por que alguém em sã consciência acha que educação básica não pode ser realizada via Internet de casa? Por que diabos muitos ~especialistas~ em educação desaprovam o Homeschooling?
É por simples e puro preconceito.
São pessoas que nunca pensaram fora do sistema convencional. Nunca experimentaram formatos novos. São pessoas apegadas ao modelo presencial, que romantizam o quadro e o giz. São profissionais inconscientemente assustados em perder sua posição como professor, diante de tanta inovação e tecnologia.
Mas a verdade nua e crua é uma só.
O. Modelo. Atual. Está. Completamente. Obsoleto.
A argumentação contra mais comum e que beira o ridículo é
“os jovens precisam socializar, homeschooling não proporciona isso, não é saudável para seu desenvolvimento”.
Como será que um especialista acha que seria homeschooling? A criança trancada em um quarto o dia todo tendo aulas sozinha? Ou vendo vídeos na Internet? Chega a ser piada.
Homeschooling significa que a educação deve ser de responsabilidade dos pais. Assim como todo o resto. Se os pais podem decidir que alimentos a criança irá comer, porque não pode decidir qual será sua educação?
Educação domiciliar não significa, necessariamente, que quem ensinará a criança serão os pais. Significa que são eles quem decidirão qual estratégia seus filhos irão seguir.
Por exemplo, você pode matricular seu filho em cursos online (gratuitos, como no Khan Academy) de português, matemática e ciências, e contratar um professor online para acompanhá-lo e ajudá-lo em dificuldades.
Pode matriculá-lo também em oficinas de artes, de empreendedorismo, de algum esporte, de programação, de idiomas; alguns obviamente presenciais.
Tenho certeza de que a necessidade por socialização do jovem será amplamente atendida, e melhor, sem o bullying e o abuso emocional geralmente encontrado na escola convencional.
Com uma legislação favorável ao homeschooling e à livre iniciativa de projetos educacionais, diversas inovações, quem nem conseguimos vislumbrar, surgirão para atender às demandas das pessoas.
O projeto KitKitSchool é um incrível exemplo. É um tablet com jogos que ensina matemática e alfabetiza crianças de regiões remotas e em vulnerabilidade social, sem a necessidade de um professor. Os resultados são inclusive superiores de crianças que frequentam escolas convencionais.
Mas para virmos florescer e amadurecer tais inovações, precisamos quebrar de vez o monopólio da educação básica estatal. Precisamos descriminalizar pais e mães que optam em tirar seus filhos do colégio e serem responsáveis pela educação deles.
Em pleno século 21, você, como pai e mãe, ser obrigado a matricular por +10 anos seu filho em um colégio cuja metodologia e ementa estão mais que obsoletos, chega a ser criminoso.
Homeschooling é o caminho mais ético e funcional para darmos um passo adiante de uma sociedade mais livre e bem educada.
Com o Estado reduzindo drasticamente sua responsabilidade em criar escolas e prover educação, pode focar-se no acesso, através de vouchers ou outros programas de financiamento.
Assim como na alimentação, é muito mais fácil, barato e eficaz prover uma bolsa família, do que construir supermercados pelo país todo para que as famílias possam ter acesso a comida gratuita.
Se isso não faz sentido para comida. Faz muito menos para educação, onde tudo hoje está online.
Portanto, antes de torcer o nariz para o Homeschooling, lembre-se das dezenas de projetos online que julgamos impossíveis ou improvavéis há 15 anos, mas que hoje usamos com naturalidade.
Educação online e domiciliar, combinada com outras inovações educacionais, é o que precisamos na Era Digital.