Metaverso significa Economia (Nativa) Digital.
E Nativa é a expressão chave dessa definição.
Desde a origem da Internet os bytes fluem pelo mundo.
E-mails, chats, ecommerces, fotos, vídeos, finanças, etc.
Mas nas duas primeiras décadas o que vimos primordialmente foram adaptações do mundo físico para o digital.
Outdoors em banners.
Varejo em Ecommerce.
Notas em dinheiro digital.
Quadro negro em vídeo-aulas.
No entanto, com o amadurecimento da Internet, começamos a conhecer soluções realmente nativas digitais. Ou seja, soluções que nasceram na Internet e só fazem sentido nela.
Talvez essa distinção não seja tão óbvia de início. Mas um simples exercício pode ajudar.
Imagine-se explicando determinado conceito digital para alguém nos anos 1900.
Se você voltasse no tempo, tirasse seu smartphone do bolso, e explicasse para ele o que é um vídeo de uma aula, com certeza ele ficaria meio confuso de como aquilo funciona, mas provavelmente entenderia o conceito.
“Sim, é alguém dando uma aula. Explicando um conceito”.
Agora, por exemplo, se você mostrasse a ele um meme, e tentasse explicar o conceito, seria uma tarefa impossível.
Memes são produtos nativos digitais.
São resultados de uma combinação de tecnologias, redes e cultura, que só são possíveis de existir na Internet.
Se você mostrar para o habitante do século 20 o envio de um email, facilmente ele entenderia que é uma troca de mensagem, por mais que ele não entendesse o aparato digital envolvido no processo.
Porém, se você abrisse o Twitter e mostrasse hashtags, com certeza ele ficaria complemente perdido ao entender o conceito.
Hashtags também são produtos nativos digitais.
São em sua grande maioria usados como índexes de assuntos, mas também muito usados como expressão cultural. Algo complexo de se explicar para quem não está imerso no mundo digital.
Metaverso é um ambiente tecnológico cultural onde todos os produtos são total ou em grande parte nativos digitais.
Sua profissão só faz sentido online; seu principal escritório e suas ferramentas de trabalho existe apenas na nuvem; seu dinheiro só existe online (crypto); a grande maioria dos seus bens está no formato digital; a maior parte das suas transações pessoais e profissionais são feitas apenas pela Internet.
“Mas ainda iremos trabalhar em um escritório físico, seja ele em casa ou em um café, ou ainda ainda num coworking”.
Este é o ponto onde boa parte das pessoas tem dificuldade em entender o Metaverso.
Sim, obviamente ainda haverá muita instância do mundo digital no mundo físico.
Porém, ao contrário das últimas duas décadas, o fluxo será reverso. Ao invés dos produtos físicos virarem instância em um mundo digital, será o contrário, os bytes serão criados antes, onde estará todo o valor, e depois haverá instância no mundo físico.
Pense no Uber.
Embora ele seja um produto nativo digital intermediário, já nos serve de exemplo.
O real valor da plataforma (objetivo e subjetivo) está nos bytes, nos algoritmos.
Toda a inteligência de matchs de motorista e passageiro vive no mundo digital. As transações financeiras vivem no mundo digital. O Marketing é majoritariamente digital. Nossa nota como usuário está na nuvem. O trajeto da origem ao destino, também, está apenas na Internet (Waze).
As únicas entradas do mundo físico são o passageiro digitar o destino, o motorista aceitar a corrida e a direção de fato. Que aliás, logo será quase totalmente digitalizado com os carros autônomos.
Quando pensamos em trabalhar na nuvem, estaremos em um coworking com outras pessoas, muito parecido com hoje.
A diferença é que suas tarefas serão enviadas para sua identidade digital (provavelmente pseudônima). Seus equipamentos de trabalho serão digitais, em forma de realidade virtual ou aumentada, e em telas. Sua reputação e seu histórico estará online. Boa parte dos seus clientes, colegas de trabalho e parceiros também só existirão em forma de avatares.
Alías, basta um pouco de atenção para vermos que já estamos nessa piscina até o umbigo.
E essa realidade não será possível de se materializar. Da mesma forma que um meme jamais será possível ser representado no mundo físico. Uma simples impressão não faz o menor sentido sem a viralização e o contexto.
Metaverso é a convergência de tecnologias digitais, plataformas descentralizadas de propriedade (blockchain), rede e cultura nativa digital.
É uma forma de viver sem grande parte das restrições do mundo físico.
É uma realidade onde a maior parte dos seus bens serão digitais, na forma de NFTs, de cryptomoedas, de tokens de reputação, de histórico pessoal e profissional onchain.
É onde você criará e manterá boa parte dos seus relacionamentos interpessoal. (Calma, ainda você irá encontrar seus amigos no bar, mas claro, combinando pelo metaverso e incluindo aquele brother que se mudou para a Europa no rolê).
Metaverso não é uma plataforma. Não é uma solução (muito menos oferecida apenas pelo Facebook). Nem irá se estabelecer da noite para o dia.
É um progresso lento que começou 20 anos atrás e gradualmente está amadurecendo.
Quando a maior parte da economia for representada por produtos nativos digitais, estaremos enfim vivendo no Metaverso.
Ótimo post! Explicativo, exemplificativo e sucinto! Como previu Yuval Harari: "We may come to miss the good old days when online was separated from offline"