Entendendo as Blockchains - Um Guia Ilustrado, Acessível e Didático
Analogias simples e exemplos práticos para você aprender sobre a nova geração de plataformas computacionais
Se Web3 refere-se a todo o ecossistema de aplicações construídas sobre Blockchains, então não há saída, precisamos decifrar o que de fato significa essa tecnologia.
Eu sei, eu sei...
Você está cansado de tentar entender essa loucura tecnológica.
Mineração, prova de trabalho, transações, criptografia, rede descentralizada, blocos, consenso, etc.
Mas, se você não é um programador, você não precisa entender COMO uma Blockchain funciona por debaixo dos panos.
Você só precisa entender O QUE são Blockchains e seu potencial inovador.
Por isso, criamos diferentes abordagens para explicar o mesmo conceito. Pelo menos alguma das analogias fará você entender essa tecnologia.
Blockchain - Definição Curta
Blockchains são plataformas computacionais globais onde é possível armazenar dados, ativos e aplicações de forma neutra, imutável e inconfiscável, além de permitir o Registro de Propriedade desses ativos e a transferência direta deles entre os usuários sem a necessidade de uma entidade central intermediando.
Blockchain como Plataforma Computacional
Blockchains é um novo tipo de plataforma computacional. Ou seja, um novo tipo de computador.
Nas últimas décadas vimos o surgimento de algumas, como o Computador Pessoal, o Smartphone e Servidores na Nuvem.
E cada uma tem suas características específicas.
O PC tem a precisão do mouse, mais capacidade de processamento, e uma tela maior.
Já o smartphone oferece sensores (como GPS, proximidade e giroscópio) e câmera de alta qualidade embutida.
Servidores na nuvem oferecem recursos Web.
Ou seja, cada plataforma possibilita a criação de tipos completamente novos de aplicações, que em outros ambientes anteriores não seriam possíveis.
O Photoshop só poderia existir no computador, pois exige uma alta demanda por processamento, além de alta precisão com mouse.
O Uber e o Instagram apenas no Smartphone, pela sua necessidade de GPS e mobilidade.
E o Google obviamente poderia apenas funcionar na Web (através de um navegador).
Novos tipos de plataformas, destravam novos tipos de aplicações.
E as Blockchains representam um tipo completamente novo de plataforma computacional.
Uma nuvem com poderes especiais. Um Servidor Web com esteróides.
Devido a sua estrutura em rede, sem uma entidade central controlando, e sua natureza monetária e criptográfica, ela inaugura pelo menos três novas propriedades em uma plataforma computacional: Imutabilidade, Autonomia e Registro de Propriedade Digital.
Imutabilidade: Você grava seus dados, arquivos e aplicações na Blockchain, e nenhum tipo de administrador pode deletá-los ou modificá-los, como era padrão nas plataformas anteriores.
Autonomia: usuários podem publicar aplicações que além de imutáveis, possuem a característica de se auto executarem, sem depender também de qualquer administrador.
Por exemplo: “se alguém enviar 10 reais para a aplicação X, transfira a propriedade da foto Y para ele.”
Essa regra será executada se a condição for estabelecida, sem a possibilidade de interferência de ninguém, nem mesmo do criador da aplicação.
Registro de Propriedade Digital (Conta Corrente + Identidade + Cartório Digital): todo usuário e toda aplicação, ao criar uma conta na Blockchain, nativamente recebe uma identificação/endereço que pode estar associada a posse de ativos, como criptomoedas e outros bens digitais.
Se ao criar um email você está conectado globalmente a uma rede de comunicação, ao criar uma conta em uma Blockchain, você automaticamente está conectado a uma rede global de registro de propriedade e troca de bens digitais.
É uma espécie de PIX global que representa sua identidade online e um endereço habilitado a receber qualquer tipo de ativo digital.
Blockchain Como Planilha do Google
Blockchains são infraestruturas computacionais na nuvem que se assemelham a uma planilha do Google, onde você pode armazenar dados (nas células da planilha) e aplicações (como as fórmulas e scripts).
Mas essa planilha tem diversos recursos especiais que a tornam extremamente poderosas e atraentes.
1. Imutabilidade: Qualquer pessoa do planeta tem acesso a ela e pode publicar dados e aplicações (com o custo de uma taxa), no entanto, uma vez gravados, os dados e aplicações não podem ser deletados ou modificados, nem mesmo pelo criador. Apenas transferir o atual proprietário do bem digital.
2. Autonomia: as aplicações (fórmulas e scripts) se auto-executam baseados em eventos programados. Por exemplo, em uma planilha, se você cria uma fórmula de soma do valor de duas células, ela irá calcular automaticamente e atualizar o campo sempre que os valores das células forem alterados. Na Blockchain o processo é o mesmo, com a diferença que ninguém pode editar a fórmula uma vez que ela foi publicada.
3. Registro de Propriedade Digital Nativa: todo usuário dessa planilha recebe automaticamente uma identificação/endereço que pode registrar a posse de diversos tipos de dados gravados na planilha.
Imagine que você se logou na planilha com sua conta do Google, e lá existe uma tabela listando vários bens. Os donos desses bens podem “fazer um PIX” para seu endereço transferindo a propriedade deles para sua conta.
Blockchain - Um Exemplo Prático
Imagine que você quer criar um sistema de recompensa na sua empresa, presenteando os funcionários com créditos que podem ser trocados por folgas extras.
Mas você não quer gerenciar isso em uma planilha ou banco de dados comum, nem precisar criar uma aplicação do zero para gerenciar saldos e permissões de acesso dos funcionários.
Por isso você usa a nossa já velha conhecida Super Planilha do Google, também chamada de Blockchain.
O primeiro passo seria a criação de uma conta para cada funcionário, com a qual ele pode se logar nessa planilha de créditos.
Neste exemplo, vamos assumir que a identificação de cada usuário é uma conta de e-mail usada para se logar na Planilha.
O segundo passo seria distribuir os créditos para os funcionários premiados. Basta listar todas as identificações dos funcionários (endereço de email, nesta analogia), e atribuir os créditos a eles.
Literalmente inserir os valores nas células referente a cada usuário.
Como cada funcionário é dono da sua chave de acesso (login e senha), ele pode usar os seus (e somente os seus) créditos através da funcionalidade Usar Crédito, que transfere um crédito da sua conta para a conta da empresa.
Nem os créditos associados aos usuários nem a regra da função Usar Crédito pode ser alterados, nem mesmo pela empresa. Dessa forma os usuários são donos daqueles tokens e tem total autonomia para usá-los da forma que quiserem.
E é aí que a mágica da Web3 começa a acontecer.
Muitos funcionários não têm interesse em folgas extras, no entanto, outros querem mais que os créditos recebidos.
Se a empresa tivesse optado por uma planilha ou banco de dados convencional, onde apenas ela tivesse o controle sobre as informações, nenhuma inovação a partir dos funcionários poderia ser feita.
No entanto, na Blockchain os usuários são donos de seus tokens, neste caso, que representam créditos de folga na empresa.
Ou seja, uma vez que ele se logou na planilha com aquele usuário, ele e somente ele pode transacionar o token vinculado àquela conta.
Dessa forma, alguns funcionários criam uma nova aplicação (fórmula) chamada Transferir Crédito, onde você pode transferir seus tokens para outro funcionário.
Isso cria um mercado secundário de créditos, onde as pessoas podem negociar valores pelos seus tokens e transferir para os compradores, ou simplesmente doar.
E, de novo, na Blockchain os dados e aplicações são imutáveis, o que garante que ninguém poderá impedir as transações de serem feitas.
Uma vez que aquele token (crédito ou qualquer outra representação de valor) foi criado e atribuído à sua conta, você é o dono dele e pode usá-lo como quiser.
Inclusive, pode criar outras aplicações que deem utilidade àquele token, mesmo se ele não tiver sido criado por você, afinal, você sabe que nem mesmo o dono tem poder de tirar o sistema do ar.
Este é o poder das criptomoedas e das aplicações Web3.
Todas elas aproveitam as novas propriedades inauguradas pela plataforma computacional da Blockchain.
Imutabilidade, Autonomia de Execução e Registro de Propriedade Digital.
Acessando uma Blockchain
Falar em Blockchains, mesmo com analogias como a Planilha do Google, pode ser muito abstrato, o que é natural, principalmente para profissionais sem background de tecnologia.
Por isso, acessar e analisar as informações reais de uma Blockchain pode tornar o conceito um pouco mais concreto.
Vamos para um exemplo prático.
E se fosse possível ver as transações da conta do Neymar?
Na Web3 a gente consegue, basta acessar uma Blockchain Explorer e pesquisar pela sua conta.
O primeiro pass é acessar a Opensea, um marketplace famoso de colecionáveis digitais, acessar o perfil do Neymar e copiar o endereço da sua conta.
Obviamente ele pode ter outras contas cujos endereços ele não vinculou a sua pessoa física, ou seja, as informações estão na Blockchain mas nunca saberemos que é do Neymar. No entanto, essa conta na OpenSea é pública.
Para analisar as transações feitas no Ethereum, você pode acessar o Etherscan.io.
Copiando e colando o endereço na Etherscan, conseguimos ver todas as transações feitas por ele.
Por exemplo, esse é o registro da compra de um NFT por 55 ETH, cerca de 70mil dólares.
Clicando sobre a transação, podemos ver os detalhes.
Temos a conta de destino, que é o endereço do Marketplace, e a origem, que é a conta do neymar.
Muito parecido com tabelas que usamos nas nossas planilhas, certo?
🔥 Inscrições Abertas: 8 Semanas de Imersão Online sobre Web3 - Cripto Economia e Metaverso.
👉 Faça parte do nosso grupo no Telegram e receba diariamente os melhores insights sobre Web3.