Dinheiro, riqueza e o futuro das moedas
Um dos maiores equívocos da maioria das pessoas é considerar que dinheiro e riqueza são sinônimos. Não são.
Dinheiro é um meio de troca. É algo que representa valor.
E aquilo que gera, ou tem potencial de gerar valor, é considerado riqueza.
Então, riqueza é um sanduíche que você criou. Não o dinheiro que você recebeu em troca. O dinheiro apenas “armazena” o valor daquele sanduíche.
Se te tirarem todo o seu dinheiro, ainda assim você pode criar outro sanduíche e gerar valor para outra pessoa. A riqueza ainda está ali. Seja na forma de know-how, de marca, credibilidade, de audiência, etc..
Dinheiro é um consenso da sociedade moderna, onde todos olham para aquela nota de papel ou os bytes na sua conta corrente, e atribuem valor naquilo.
No passado usavam conchas do mar, ouro, rochas com buracos no meio, boi, etc. As pessoas queriam trocar roupas por milho, e pra facilitar a transação encontravam um meio de troca que era valorizado pela sociedade.
Hoje, funciona da mesma maneira, porém o governo tem o monopólio sobre o dinheiro. Só ele pode emitir novas moedas (num processo pouco transparente e sem nenhuma previsibilidade), além de ser crime você criar uma moeda própria ou simplesmente não aceitar a moeda corrente no seu comércio (lei de curso forçado).
E isso é um grande problema! Pois gera escassez.
Para você ganhar dinheiro, você precisa trabalhar. Ou como autônomo, ou como funcionário de alguém. Ou seja, você tem algumas skills que geram valor para alguém, e essa pessoa te remunera com dinheiro em troca. Para ela, ter o seu serviço é melhor que ter aquela quantidade de dinheiro.
Porém, isso é complicado para muitas pessoas, principalmente as que não puderam estudar, porque as obriga a realizar tarefas difíceis no início da carreira, para sobreviver, e caímos num dilema de: preciso de dinheiro para sobreviver - é necessário me qualificar para evoluir - não consigo me qualificar porque preciso de tempo e dinheiro.
Acessando riquezas intangíveis
A era digital mostrou que é possível gerar valor para outras pessoas na sociedade sem necessariamente vender seu tempo ou suas skills.
E isso é incrível!
Por exemplo, as redes sociais. Hoje o modelo de negócios do Facebook é o seguinte: eles têm uma plataforma com bilhões de pessoas gerando dados, e com isso vendem a veiculação de anúncios segmentados para empresas atingirem seu público.
Mas, para ter acesso a tantos dados, o Facebook precisou criar uma das ferramentas mais incríveis que existem e gerar muito valor para que as pessoas quisessem estar lá.
E, ao contrário do que você possa imaginar, o valor do Facebook não é compartilhar memes com os amigos.
Lá, com um clique, você consegue conversar com qualquer pessoa do mundo. Pode criar grupos com pessoas que tenham objetivos em comum, coisa que antigamente era praticamente impossível. Também pode divulgar suas ideias e projetos para milhões de pessoas. Eu mesmo já vendi muito dos meus cursos pelo Facebook, sem gastar nada.
Na África e em outros lugares remotos há muita gente sem acesso ao básico de saneamento, água e alimentação, mas com acesso a celular e internet. E com isso já conseguem acessar o Facebook e se conectar com outras pessoas para tentar mudar suas realidades.
Os refugiados Sírios usaram muito o Facebook, Whatsapp e várias outras plataformas gratuitas para conseguirem chegar à Europa com segurança, por exemplo.
Eles trocaram seus dados, por uma ferramenta que ajudou nas suas sobrevivências.
Não caia na armadilha de achar que as redes sociais só tem valor para quem é de classe média/alta. Essas tecnologias salvam vidas, e fazem inclusão social, econômica e política.
Mas onde eu quero chegar? No modelo convencional, qualquer pessoa para ter acesso a uma ferramenta tão poderosa teria de necessariamente pagar. Ou seja, teria de conseguir dinheiro trabalhando, o que exclui automaticamente boa parte das pessoas de baixa renda.
Então, como uma pessoa que não tem nenhuma skill, não tem dinheiro, consegue ter acesso ao Facebook? Porque ela tem algo que gera valor ao Facebook: dados!
O Facebook precisa dos seus dados. Dos seus interesses, do seu padrão de comportamento, dos acontecimentos da sua vida, etc. (A parte de privacidade é uma outra discussão que não quero misturar aqui).
E isso é lindo! Porque é algo que qualquer pessoa com acesso a Internet tem! Enxerga o poder disso?
Os seus dados tem o mesmo valor que os dados de um milionário. E ambos conseguem igualmente usar os dados em troca do acesso gratuito à plataforma.
Além dos dados
E não para por aí. Dados é somente uma das formas de você conseguir gerar valor para outra pessoa/empresa, sem precisar de skills mercadológicas.
Outra coisa que todos têm, uns mais outros menos, é rede.
Você tem ideia do valor que um contato representa? Quando você conhece várias pessoas, isso gera valor, é riqueza. Afinal, você pode fazer a ponte entre o problema de alguém com outra pessoa que tenha a solução. E não necessariamente online. Pode ser, principalmente, offline. Ou seja, você não precisa de habilidades mercadológicas para isso.
Olhe o Blablacar ou até mesmo eventos. Essas empresas sabem o valor de conectar duas pessoas. Quem nunca gerou negócio depois de conhecer alguém. Ou conseguiu algum emprego.
Uma boa parte do preço de um evento não é o conteúdo. Afinal, você tem muitas vezes todas as palestras disponíveis online. O valor está nas conexões que você irá realizar.
Quebrar essa visão de que somente dinheiro é riqueza, é muito difícil. Afinal o sistema funciona assim desde que nascemos (ou seja, para nós, desde sempre). E também porque não conseguimos trocar nossos dados por arroz e feijão, nem pagar a conta de luz com o acesso a minha rede de contatos.
Por enquanto.
O futuro é multimoedas
Para isso, é necessário quebrar o monopólio estatal da moeda. É preciso podermos criar nossas próprias moedas. Onde eu gero meus dados e recebo em troca 500 facecoins, por exemplo, e essas moedas são aceitas no supermercado.
A tecnologia que está destravando esse tipo de projeto é a famosa Blockchain (criada com o Bitcoin). Não é a ideia aqui explicar os detalhes dessa tecnologia, mas com ela conseguimos criar a segurança e o ambiente necessários para se ter moedas sem depender do intermediário Banco ou Governo.
E isso, meus amigos, irá mudar como as pessoas criam riqueza.
Além de você vender suas horas, ou suas skills, poderá usar como moeda outros recursos que hoje são abstratos: Tempo, Dados, Rede, Passos (já pensou ganhar moedas por gerar energia? - Black Mirror feelings rs), etc..
Com tecnologia iremos conseguir capturar muitas das riquezas que hoje são intangíveis para a maioria das pessoas.
Riqueza é abundante, infinito. Você cria riqueza do nada! Não é uma soma zero. Não é necessário tirar de um para que você possa ter.
Bem-vindo ao futuro das múltiplas moedas e da abundância.