Crowdfunding - descentralizando o terceiro setor
E por que isso está gerando uma explosão em doações
Hoje naveguei rapidamente entre as principais plataformas de vaquinhas online no Brasil e somei +R$2milhões arrecadados apenas nos últimos 7 dias, em campanhas sociais direcionadas para ajudar alguém específico, não projetos ou ONGs.
Desde dinheiro para tratamento de câncer, reconstrução de casa, alimentação, até prótese de perna e material escolar.
São milhares de famílias em dificuldade que antes da Internet estariam limitadas às ajudas locais. Sem social media para divulgação da sua história, nem tecnologia digital pra facilitar as transferências financeiras, essas famílias provavelmente estariam fadadas ao anonimato e sem esperança de conseguir qualquer suporte.
Na realidade, campanhas de crowdfunding não são novidades. Mesmo antes da Internet, grandes organizações não governamentais conseguiam levantar milhões em doação através de campanhas na televisão ou por estratégias de “telemarketing”.
A diferença, como acontece em vários outros segmentos, é a redução drástica na barreira para criar uma campanha, viável antes apenas para as ONGs institucionais com muitos recursos.
Hoje, com um celular e uma conta de rede social você pode iniciar uma campanha de arrecadação e em alguns dias levantar milhares de reais, ou até milhões.
A doação direta para famílias que precisam, um fenômeno que víamos antigamente em baixíssima recorrência e em baixos montantes, na Internet ganhou escala.
As pessoas estão não só doando para grandes instituições de caridade, mas também para campanhas de ajuda em situações específicas de alguma família.
Você não doa apenas para a “Campanha Natal Solidário” da ONG X, mas sim para a Campanha de Ajuda ao Seu Pedro Que Está Desempregado”.
Ou seja, assim como em diversos outros cenários, o Terceiro Setor está sendo descentralizado.
Se antes apenas meia dúzia de grandes organizações tinham a capacidade de angariar largas quantidades de doações, hoje milhares de grandes e pequenos “influencers” conseguem mobilizar esses valores.
Campanhas de maior escala, encabeçadas por Instituições sérias, como as de arrecadação de cestas digitais para ajudar as famílias impactadas pelas medidas contra o Covid, ainda são extremamente importantes. No entanto, as pessoas vão aumentar muito seu nível de exigência na prestação de contas, resultados práticos e transparência desses projetos.
E se a situação atual já é motivo para ficarmos otimistas, os próximos anos prometem uma ainda maior revolução na filantropia.
Com a adoção em massa das moedas nativas digitais (crypto) o volume de doações explodirá.
Imagine o seguinte cenário:
Você dando scroll na timeline da sua rede social preferida e um dos posts, compartilhado por alguém que você conhece, é um pedido de ajuda para arrecadar dinheiro para uma família em grandes dificuldades. Em poucos minutos você checa a história e clica no botão doar, integrado no aplicativo, enviando instantaneamente R$ 1, ou até centavos, para a família.
Não há boleto, não há cadastro de cartão, não há preenchimento de formulários, nada. Apenas apertar um botão, pois sua carteira digital já estará integrada no seu smartphone.
Quantas micro-doações neste estilo você não realizaria, que hoje não faz pelo atrito no pagamento? Tenho certeza que dezenas.
As redes sociais integradas com carteiras digitais portando criptomoedas viabilizarão a doação de valores bem baixos, frações de reais.
Então em um post que hoje viraliza e recebe milhões de curtidas, potencialmente receberá milhões de micro-doações. Pense em 1 milhão de pessoas doando R$ 0,10. São R$ 100.000 reais angariados.
--
Este blog não chama-se pedoispe à toa.
A sociedade do século 21 viverá muito mais com interações e instituições ponto a ponto, sem intermediários, em rede, que através de grandes instituições verticalizadas.
Você, indivíduo, não é mais apenas um pagador de impostos, consumidor passivo de notícias e trabalhador.
Você, indivíduo, é a nova Instituição do século 21.