A Internet foi uma mudança radical de paradigma tecnológico.
E naturalmente as primeiras soluções foram simples adaptações do mundo físico para o mundo digital.
Por exemplo, vídeos e blogs são adaptações dos correspondentes físicos, programa de televisão e jornal impresso/livros, para uma versão online.
Ninguém realmente vê uma grande inovação nestes formatos. A disrupção de fato está na estrutura de distribuição e natureza descentralizada da plataforma.
Mas, falando apenas do formato do conteúdo, se o João viajasse no tempo, dos anos 90 para os anos 2021, pegasse um celular e consumisse um vídeo, um podcast ou um post, facilmente conseguiria associá-los com programa de TV, rádio ou um jornal impresso. Ele ficaria bem familiarizado, sem grandes dificuldades.
No entanto, se ele visse um Meme, a conversa seria totalmente diferente.
Você poderia gastar horas tentando explicar o que é, e o João não entenderia, não importa quão jovem ele fosse.
E isso pelo fato de memes serem uma solução totalmente nativa digital. Não havia nada similar a esta forma de comunicação, antes da Internet.
Outro “produto” totalmente nativo digital são as hashtags.
Como explicar para o João que o símbolo # seguido de um termo, sem espaços, serve para agrupar ideias em toda a Internet relacionado àquele tema específico?
A analogia mais próxima que poderia ser feita seria explicar o conceito de pastas organizadas com etiquetas, mas ainda sim é muito diferente.
Aliás, as próprias ferramentas de e-mail no início usavam o conceito de pastas para organizar as mensagens, e só depois da inovação no Gmail, que adotaram o conceito de Tags.
Iniciaram com um conceito físico adaptado para o digital, e só então evoluíram para uma inovação nativa digital.
Ou seja, não era mais necessário quebrar a cabeça pensando se o e-mail “Planejamento de Viagem” seria guardado na pasta Viagens ou na pasta Despesas. Bastava marcá-lo com ambas as tags.
E este fenômeno é comum em diversas indústrias, por exemplo, no mercado financeiro.
Paypal, bancos digitais, plataformas de transferências, também são adaptações dos sistemas analógicos para os digitais.
Ou você acha minimamente aceitável precisar cadastrar seu cartão de crédito, incluindo o código de segurança, em cada loja virtual que deseja realizar uma compra?
Ou ainda, precisar esperar dias, e gastar altas taxas, para realizar uma transferência para outro país?
Não, claramente o sistema financeiro é uma adaptação do legado para o ambiente digital.
Estas soluções adaptadas trouxeram consigo as limitações do mundo físico, mesmo que no mundo online a informação flua livremente e sem o conceito de fronteiras.
Na Internet, da mesma maneira que você envia um e-mail para seu vizinho, envia para a pessoa que mora do outro lado do planeta.
Por que com dinheiro teria de ser diferente?
Assim como diversas soluções que evoluíram para versões nativas digitais, o sistema financeiro também atingiu esta maturidade.
Bitcoin é a primeira solução financeira pensada do zero para a Internet.
É uma infraestrutura de pagamentos e um ativo totalmente digital (criptomoeda), feito exclusivo para o novo paradigma.
E este novo conceito tecnológico, que possibilitou tamanha inovação, abriu o caminho para o surgimento de diversas outras criptomoedas, bem como para todo um ecossistema de plataformas que dão suporte para esta solução.
Portanto, se as criptomoedas causam estranheza no primeiro contato, lembre do João aprendendo sobre Memes e Hashtags.
É um fenômeno totalmente natural causado pelo surgimento de uma solução nativa de um novo paradigma, do qual ainda não estamos acostumados.
Mas uma coisa é certa, assim como usamos hashtags e memes com fluidez e naturalidade, muito em breve faremos o mesmo com as criptomoedas, pois elas serão simplesmente dinheiro.