Se você gera valor para uma comunidade e não recebe equity (porcentagem da organização/marca) em troca, ou seja, não está exposto à valorização deste capital, você possivelmente está numa relação de negócio pouco vantajosa e talvez injusta.
Se a comunidade de fato prosperar, mesmo que seus trabalhos iniciais tenham sido remunerados, serão os donos dessa propriedade intelectual que extrairão a maior parte do valor, possivelmente 1.000x ou 10.000x mais que todo o valor pago pelo seu trabalho.
E nem se fala se você trabalhar de graça.
Quanto mais cedo e maior sua contribuição na comunidade, maior deve ser sua quota na organização.
Assim você futuramente estará exposto a valorização daquele capital, podendo vender sua parte e ser devidamente recompensado pela dedicação inicial.
Além disso, com posse de parte da estrutura da comunidade, você também tem direitos na governança, podendo influenciar futuros projetos e a direção da organização.
Embora para algumas pessoas essa percepção de valor seja óbvia, para a maioria não é tão evidente assim.
No Brasil, não fomos educados para valorizar ativos, apenas renda.
O brasileiro é obcecado por renda. Por salário. Por benefício de curto prazo.
São raras as pessoas que trocam parte do seu salário por um ativo (ações, commodities, títulos) de forma consistente. E não é à toa que a maioria da classe média não enriquece.
As pessoas não entendem o que é um capital, o que são juros compostos.
Por isso, não percebem que seu trabalho ajudando a tirar do chão um projeto tem um valor inestimável. Fazer parte da fundação de qualquer negócio ou instituição deve ser sempre recompensado com quotas da organização.
É uma abordagem comum nas empresas de tecnologias (startups), onde os primeiros funcionários são recompensados com stock options (opções de compra de ações).
Esse modelo, além de ser mais justo, é vantajoso tanto para os fundadores, que conseguem criar um alinhamento de longo prazo com o time, pois não estarão preocupados com recompensas de curto prazo (aumentos salariais); quanto para os funcionários, que terão parte do capital da empresa, futuramente podendo valorizar exponencialmente.
Até pouco tempo, a única forma de viabilizar essa estrutura era através de instrumentos legais. Contratos. Uma forma com diversas barreiras, custo alto e riscos.
No entanto, com a ascenção da Web3 (crypto) é possível tokenizar comunidades de forma nativa digital (sem depender de contratos e advogados) e totalmente transparente.
São os chamados social tokens.
Cada token representa uma pequena parte daquela organização. E você armazena direto em sua carteira digital, como uma criptomoeda, podendo, inclusive, vendê-los quando quiser.
Tokenização de comunidades reduz a barreira de entrada, ou seja, não depende de permissão de terceiros, legislações complicadas, regulações e burocracias; e ainda aumenta a liquidez do ativo, ou seja, facilita muito a venda.
Se você está criando uma comunidade do zero, todos que colaboram - criando artigos, ajudando na divulgação e na produção de design, programando, ou qualquer outra atividade que seja fundamental no crescimento do grupo - devem ser recompensados com o token da comunidade.
A porcentagem de participação que cada membro recebe deve ser avaliada analisando-se inúmeras variáveis, como tempo de dedicação, influência, valor inicial investido, etc.
Mas, todos que geram valor para a comunidade não devem apenas ser membros, remunerados de forma transacional; todos que geram valor devem ser, também, donos da comunidade.