A falácia em culpar o "povo" pelas consequências da pandemia
E por que não temos uma cultura colaborativa
Se você toma para si o monopólio da gestão pública, e para piorar, não permite o desenvolvimento de uma cultura de participação civil, sim, 100% da culpa sobre as mortes decorrentes de covid é sua.
Um Estado grande, além de imoral e ineficiente, é castrador de uma cultura colaborativa e inovadora.
Quando temos alta carga tributária, monopólio estatal desenfreado em cada setor da sociedade, desde trocar a lâmpada do poste e educar o país, até entregar cartas e oferecer sistema de saúde, a natureza participativa da sociedade é anestesiada.
Primeiro, porque parte da população compreensivelmente pensa “já pagamos tudo isso em impostos, não preciso fazer mais nada”.
Segundo, que os empreendedores sociais que articulam transformações em suas comunidades enfrentam uma terrível barreira para inovar. São pilhas e pilhas de burocracias e regulamentações que praticamente inviabilizam qualquer tentativa de resolver problemas mais estruturais.
Um simples mutirão para renovar a pintura de uma rua é considerado crime e pode gerar graves consequências para os envolvidos ou ainda um ato humano de doar as sobras de comida de um restaurante para pessoas que passam fome pode resultar no fim do seu empreendimento.
Portanto, o discurso raso de “o governo tem responsabilidade nas mortes por Covid19, mas a população é igualmente culpada pela sua falta de colaboração” é falacioso.
Você não pode culpar o leão por não conseguir caçar se você o trancou numa jaula por anos. Não pode culpar uma pessoa de afogar-se, quando você impede que ela aprenda a nadar.
A total falência do Estado no combate à pandemia, sentado em trilhões em orçamento e com poder institucional de mobilizar recursos inimagináveis, é inquestionável. Inaceitável.
Qualquer tentativa de isentar-se dessa responsabilidade, ou até dividir a culpa com o “povo”, é apenas uma narrativa desonesta.
Este é o momento de sairmos da adolescência política na qual vivemos e pararmos de acumular excessivo poder no Estado, para então criarmos uma cultura com poder descentralizado e muito mais participativa.
Afinal, a raiz dos mais graves problemas que enfrentamos hoje se dá por essa realidade.
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